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Arquitetos: Luís Rebelo de Andrade
- Área: 2387 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:João Morgado
Descrição enviada pela equipe de projeto. Para quem não conhece Alfama – e boa parte dos bairros típicos de Lisboa – é-lhe difícil imaginar o que o Hotel Santiago de Alfama esconde no seu interior. Com data de construção incerta mas anterior ao terramoto de 1755, o edifício é um imbricado labirinto desprovido de ortogonalidade entre paredes e através do qual nos podemos aperceber das relações criadas entre morfologia e necessidade habitacional ao longo da história. Situado próximo do Castelo e com vista sobre o rio, o hotel acaba por incorporar estruturalmente os diversos modos de vida da época a que remonta e das épocas por que passou.
Com uma construção tipicamente favelar, o edifício foi sendo ocupado e adaptado segundo as necessidades dos seus habitantes e, como é típico neste género de construção, amontoam-se elementos arquitectónicos de épocas e estilos distintos, sendo possível descortinar arcos góticos, colunatas manuelinas e diversos vestígios romanos. Percebe-se o respeito com que se encarou a construção do hotel, tanto na conservação da estrutura labiríntica que o preside, como na cuidada conservação dos elementos arqueológicos encontrados, compatibilizando a ideia orientadora de um hotel contemporâneo e funcional com o legado histórico da cidade.
Não houve qualquer tipo de acrescento volumétrico em altura. O edifício respeita e segue a linha de horizonte tipicamente descontinua de Alfama, sem a perturbar. Conseguiu-se no entanto, mediante escavação, ampliar a área construída em profundidade e nessa área resgatada instalaram-se diversos serviços do hotel. Na suite principal do último andar, o hóspede pode usufruir de uma das mais arrebatadoras vistas sobre o rio de Lisboa.